Neste mundo contemporâneo, nesta era digital, globalizada, tudo parece fácil. Com apenas um clique no botão esquerdo do mouse e confirmamos uma compra, uma transferência de dinheiro em conta e pronto! Já está feito! Em alguns dias, até menos tempo que isto, dependendo da empresa e da localização da entrega, o que pedimos já chegou à nossa porta. Em alguns segundos, a transação comercial e bancária já foi feita. Não existem mais distâncias. Através da Internet, podemos conversar com aquelas pessoas que amamos, vendo suas imagens em tempo real, como se elas estivessem à nossa frente. Tudo ficou mais rápido. Tudo ficou mais fácil.
É fácil também demonstrarmos nossas opiniões, nossas crenças. O mundo se tornou democrático. Os preconceitos foram aos poucos derrubados. Aqui no Brasil, por exemplo, podemos abertamente declarar nossa fé. Até quem é ateu tem liberdade para se declarar como tal. Qualquer pessoa pode divulgar na Internet as suas idéias, crenças e opiniões, como estou fazendo. Da mesma forma que ela pode ser utilizada para o bem, também pode ser utilizada para o mal. É uma porta de acesso a uma infinidade de informações, livre de proibições, de censura, e quem quiser ler o que escrevo pode concordar ou discordar livremente de minhas opiniões, do que penso, do que acredito.
Aliás, atualmente tudo é permitido. O que antigamente era proibido, que acontecia no meio particular, oculto, onde poucos sabiam, agora está aberto, livre, tornou-se público. Não existe mais o medo de sermos quem somos e de nos mostrarmos como tal, de lutarmos pelo que acreditamos ser nossos direitos humanos. Mas ficam alguns questionamentos: Até que ponto esta liberdade, essa permissividade é salutar para nossa fé? Quando meditamos na Bíblia, a partir do Novo Testamento, observamos quantas perseguições ocorreram. Quantas proibições, quantas prisões, quantas mortes. Tudo isso para propagar o amor de Jesus pela humanidade, para propagar a sua morte na cruz e ressurreição, em favor dos pecadores. E, quanto mais perseguições ocorriam, mais a Palavra de Deus se propagava e mais pessoas entregavam suas vidas a Cristo.
Hoje, são poucos os lugares no mundo em que existem estas perseguições. E, isto nos acomoda. Infelizmente, se o ser humano pode se acomodar e se adaptar inclusive com o caos, com as dificuldades que passa em sua vida, quem dirá quando está tudo bem. Entramos numa zona de conforto perigosa. Por este motivo, mais alguns questionamentos são necessários, tomando como base o que aprendemos do primeiro mandamento: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente e com todas as forças”. (Marcos 12.30): Até que ponto realmente amamos a Deus? Nós somos capazes de amá-lo independente das circunstâncias? Independente se está tudo bem, se está tudo mal? De que forma demonstramos este amor, já que sabemos que o amor verdadeiro não se exprime apenas com palavras, mas sobretudo com atitudes? Nos preocupamos em ter intimidade com Ele, orando diariamente, lendo a sua Palavra, sedentos de conhecimento, ou só quando vem a dificuldade, para clamarmos pelo seu socorro urgente?
A maior prova de amor é a obediência (João 14.15). Portanto, obedecemos ao que Deus nos manda fazer e fazemos conforme Sua vontade, ou o que fazemos é conforme a nossa vontade? O apóstolo Paulo nos orienta em sua carta aos Romanos: “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele”.(Romanos 12.2)
Que mudanças devem ocorrer em nossa mente? O que devemos mudar em nossas atitudes? Para isto temos que conhecer os padrões que o mundo está pregando. Vou demonstrar alguns.
- O imediatismo. Como falado a princípio, tudo se tornou muito rápido. E esta velocidade nos obriga a agirmos da mesma forma. Eficiência se comprova com rapidez. Com isso nos tornamos ansiosos e impacientes e estes comportamentos acabam sendo colocados em nossa vida cotidiana. Até quando pedimos um milagre de Deus, queremos que aconteçam em nosso tempo determinado, não no tempo Dele. Paulo nos falou para não andarmos ansiosos por coisa alguma em Filipenses 4.6-8 e Jesus já revelara em Mateus 6,33 para colocarmos em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça e todas as demais coisas nos seriam dadas por Deus.
- O sucesso é medido pelo que se tem, não pelo que se é. Fica bem claro nos dias de hoje este padrão. A mídia enfatiza claramente este comportamento. A atenção agora se volta para aquilo que é aparente. Até nas igrejas isto acontece. O padrão de bênçãos que uma pessoa recebe se baseia nos milagres que conquistou em sua vida material. Pagamentos de dívidas, casa própria, carro novo, são anunciados freqüentemente como graças recebidas. Mas o maior milagre é uma vida transformada. Deus não vê as aparências como o homem vê. O que Ele vê é o nosso coração (1 Samuel 16:7). Sucesso para um cristão é ter o coração sondado e guiado do por Deus (Salmo 139.23-24).
- A felicidade a qualquer preço. O mundo atual está dando muito valor à felicidade. Para alcançá-la, algumas pessoas vivem cada dia como se fosse o último e não medem as conseqüências de seus atos. Casamentos são destruídos, porque um dos cônjuges não se sente feliz naquele casamento e busca esta felicidade fora dele ou até se separam, sem pensar nos sofrimentos que seus filhos vão ter que passar por causa desta decisão. Pessoas se viciam, porque a sua vida está monótona demais e procuram algo para disfarçar esta vida que consideram chata, por pequenos momentos de felicidade e prazer. Na verdade, o que falta para estas pessoas não é felicidade. Falta encher os seus vazios existenciais. Vazio existencial só se preenche com uma vida íntima com Deus. Nós podemos até encontrar substitutos para as pessoas que amamos e perdemos, como nossos avós, pais, filhos e cônjuges, mas jamais encontraremos alguém para colocar no lugar de Deus em nossas vidas. Jesus não nos falou que seríamos felizes neste mundo. Pelo contrário, nos disse que teríamos muitos sofrimentos, mas que tivéssemos coragem para seguirmos em frente, pois Ele já venceu o mundo (João 16.33).
Como vemos, Jesus é o nosso caminho para vencermos estes paradigmas. Ele já veio a este mundo para ser exemplo de como um cristão verdadeiro deve ser. É um caminho difícil, é uma porta estreita, é verdade. Mas, Ele mesmo apresenta o Espírito Santo como o nosso auxilio, o nosso consolador, o nosso defensor, aquele que nos ensina toda a verdade (João 16.12-15). O Espírito Santo está a nossa disposição. Basta deixarmos Ele fazer morada em nós e colocarmos Jesus no seu devido lugar, ou seja, não apenas como nosso Salvador, mas acima de tudo, como Senhor de nossas vidas.
Que a Graça e a Paz do Senhor estejam com todos nós.
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